sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Ficar são...

Ele conversa no quarto ao lado, derramando conselhos e lágrimas alheias. Sentada no sofá, intercalando sua atenção entre a tv e o outro cômodo, ela absorve cada palavra dita e subentendida.
Ela já não se pergunta por que isso está acontecendo ou por qual motivo, entre tanta gente no mundo, ele foi um escolhido. A questão da vez é como, nessa situação, ainda há sabedoria, um mínimo de paz e coisas bonitas a serem ditas.
"De onde vem a calma daquele cara?" um dia perguntou Camelão e seus companheiros. E hoje eu divido essa dúvida. Me coloco em seu lugar, tentando - em vão - imaginar como reagiria ao desmoronar da vida. Da minha vida, no sentido mais literal possível. O resultado desse questionamento me mostra o quanto ele é forte, digno, especial. E então me deparo com um misto de orgulho e dor. Não sei se preferia a covardia que o deixaria pra sempre comigo ou se é melhor provar desta idolatria penosa. Não sei.

E talvez você, que nem (gosta) conhece de Los Hermanos, cante por dentro: "O mal vai ter fim/E no final, assim calado/Eu sei que vou ser coroado rei de mim."

2 comentários:

Gabriela Collaço disse...

Eu já cantei isso internamente...muitas vezes. E acho que ainda vou cantar.

Anônimo disse...

E quem sabe?