quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O que ainda resta de irracionalidade...

Naquele corpo vagueia uma vontade, um desejo reprimido pela moral e pela vergonha. Mas é um corpo tão cansado, tão abatido, que clama desesperadamente por um descanço.
A vontade vem às vezes no sonho. O acontecimento se faz real nos lençóis da inconsciência noturna e aquele corpo acorda triste, enojado consigo mesmo. Quer lavar-se da sujeira de seus pensamentos, quer ficar desperto para não reviver a cena criada em sua mente.
E o dia corre. Correm também as idéias, essas crianças endiabradas, sem educação e impossíveis de controlar; na melhor analogia até aqui encontrada. E elas remontam o sonho, na hora de comer, na hora de andar, em qualquer hora que esteja associada a viver.
O corpo deixa de ser corpo, essa reunião de células agitadas e inconstantes. Passa a ser mente, e só. E então o desejo domina, superior ao que a fé e a essência de certo-errado estabelecem.
Nesses instantes, homens tornam-se egoístas, querem o fim de situações insuportáveis, anseiam por mudanças que melhorem suas vidas, seja como for.
Talvez seja nessas horas que homens roubem, agridam, matem.
A maioria, ainda bem, se envergonha e se desvencilha das amarras dos desejos ignóbeis.

domingo, 12 de outubro de 2008

Adolescência

"Chora as lágrimas vindas do âmago.
Molha a face infanto-juvenil do ser
que se agiganta.
Emoções desencontradas,
sentimentos confusos.
O retiro ao canto solitário, na
busca de si mesma.
Vulcão ardente no peito soluçante, expele
a lava da inconstância.
O calor das sensações inexplicáveis
para a pouca idade.
Situação passageira que confunde e se explica.
Busca urgente o compartilhar,
enquanto sozinha, não consegue entender.
Desafoga então o seio palpitante, para
não deixar estanque."

Do pai pra mim.