Hoje, 5 de fevereiro, meu pai faria 57 anos. Faria.
Acho essa coisa de comemorar aniversário de gente que já se foi (oi, eufemismos) estranha, senão mórbida. Essa é a data pra lembrar que vc passou por mais um ano - ou comemorar o novo que chega, se dentro de vc houver mais otimismo que agradecimento. Então, não, não gosto de pensar que hoje seria aniversário dele, porque isso implica em relembrar o que não tenho. Quer dizer, o que ele não pôde ter.
Passados esses quase 3 anos, ainda que a falta, a saudade e o pesar permaneçam aqui (e sempre permanecerão), aprendi a conviver com a ausência. Principalmente porque ela foi acalentadora para um sofrimento desnecessário.
Apesar disso, sempre imagino como seria a vida dele, as nossas vidas sem aquele diagnóstico. Imagino os conselhos, as broncas (certamente seriam muitas, porque sempre foram. haha), as viagens, as piadas, os abraços e os tantos aniversários que poderiam ter acontecido se a sua previsão de viver 106 anos tivesse se concretizado.
Mas ele se mandou antes, aquele tratante! :P Então, fugindo de qualquer apego pesaroso, não pensarei em 5 de fevereiro como "o aniversário que não mais haverá". 5 de fevereiro será sempre uma data em que, algum dia, o mundo ganhou um pouco de amor, honestidade, compaixão e força.